09 março, 2011

A Rede Social (David Fincher, 2010)

Partindo de um material que me parecia muito pouco interessante: a criação do Facebook por um jovem universitário americano, Mark Zuckerberg, e o seu enriquecimento por causa dessa invenção. É impressionante a fluidez narrativa que David Fincher obtém aqui. Ele conduz seu filme por toda uma estrutura estranhíssima, que funciona perfeitamente. O filme conta sua história através de flashbacks contados nas sessões judiciais de dois processos a que Mark responde, a um dos gêmeos Winklevoss, que o acusam de plágio da idéia original da criação do site, e a outro de seu ex-melhor amigo, o brasileiro Eduardo Saverin.
O filme apóia toda sua força num elenco muito bom, composto por nomes não-celebrados, excetuando Justin Timberlake, que está impagável na pele do criador do Napster, que dão mais verdade ao filme, pois retratam bem um universo não muito distante do qual os jovens vivem hoje e constroem personagens de carne e osso. Jesse Eisenberg é um ator fora-de-série que já precisava ser descoberto há muito tempo e somente todo o seu gestual corporal e a fluência de sua fala já são fascinantes, e quando utilizados em algum personagem próximo de sua realidade funcionam de uma maneira impressionante. Ele consegue passar a Mark toda a prepotência de um jovem que fica bilionário aos 20 anos e toda a fragilidade de um nerd que começou isso tudo por causa de um pé-na-bunda de uma menina. A cena final em que ele a adiciona no portal em que ele mesmo criou é uma pérola. Andrew Garfield, o novo Homem-Aranha, me surpreendeu muito positivamente e constrói um personagem bem interessante que não consegue lidar com a namorada ciumenta e com o amigo irresponsável e altamente influenciável, que o acaba traindo.
David Fincher dessa vez não abusa de suas montagens confusas e joguetes de roteiro. Constrói um filme excessivamente simples onde tudo é narrado da maneira mais clara possível e todo o caminho percorrido leva o protagonista a um lugar em que já sabemos que ele está desde o início. Sem firulas visuais. A cena da corrida de barcos a remo é muita boa e tem muitos dos tiques de Fincher na direção, mesmo que ele pouco os utilize aqui. Um filme muito mais próximo de Zodíaco (2007) do que de Clube da Luta (1999). Fincher, mesmo não sendo um diretor fabuloso, continua num caminho bem interessente e quando concentra toda sua mise en scène em simplesmente contar uma história, mesmo que não se encontre uma solução, funciona bem mais do que construir joguinhos narrativos espertinhos. Melhor filme do diretor.

2 Comments:

Anonymous Ana Paula said...

Eu concordo plenamente com essa crítica. Esse filme faz mágica ao trazer dinamismo e quebrar a monotonia de um roteiro praticamente sem ação. Além disso sou suspeita pra falar, sou mega fã do Jesse.

quarta-feira, 09 março, 2011  
Anonymous Anônimo said...

Esse filme é bem legal msm...

quinta-feira, 10 março, 2011  

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