19 março, 2011

Kick-Ass (Matthew Vaughn, 2010)

É impressionante como esse terceiro filme de Matthew Vaughn é chatíssimo em seu primeiro terço de duração. Mas eu não esperava o quanto o filme poderia crescer após o surgimento dos "herois de verdade" e se tornar uma grande obra, mesmo com esse início problemático. O protagonista é um excelente personagem e é bem interpretado pelo ator Aaron Johnson, mas quando Vaughn se volta para o seu dia-a-dia, seus problemas de relacionamento e sua ideia "fantástica" de se tornar um super-heroi, mesmo sem ter super-poderes, nada parece empolgar. Aquela repetição de situações de humilhação pelos valentões do colégio soam meio repetitivas e sem graça.
Dave é um adolescente comum, "just a regular guy", não é fortão nem um gênio da informática. É como a maioria dos jovens, ele só existe, como o próprio diz em algum momento. Um dia ele resolve lutar contra o crime vestindo uma fantasia. Desse modo ele seria notado, porém, como era de se esperar, ele se dá mal e acaba quase morrendo. Após esse evento, ele perde a sensibilidade de algumas partes do corpo e resolve continuar lutando contra o crime, utilizando essa "dádiva". Dessa vez ele não se dá tão mal e acaba virando um fenômeno da internet, porém desperta a ira de um traficante e entra no caminho de dois super-herois que tentam se vingar dele.
Após o surgimente desses dois personagens, Big Daddy e Hit Girl, o filme cresce de uma maneira grandiosa e todo o marasmo do início vai dando lugar a um turbilhão colorido de sangue e lágrimas. O filme é todo colorido, e o tom cartunesco do início vai se transformando num épico sanguinolento protagonizado por uma menina de 11 anos. Hit Girl, de longe a personagem mais interessante do filme, feita por essa majestosa atriz chamada Chloe Moretz, nos proporciona um banho de sangue dos mais espetaculares já vistos. E Vaughn não nos poupa em nenhum momento da violência. É muito forte assistir às cenas dessa menina retalhando brutamontes como quem corta um simples pãozinho, apanhando e batendo que nem homem e dizendo "giant cock".
E é justamente toda essa violência que dita o ritmo do filme, garantindo a ele toda sua grandiosidade, até o seu desfecho com um espetacular tiro de bazuca. É quando Kick Ass e Hit Girl empreendem sua apoteótica vingança, nenhuma cena de luta aqui é seca ou sutil, que o filme cresce, atingindo um tipo de vingança dos nerds, quando Kick Ass consegue finalmente salvar o dia.
Interessante notar que enquanto Kick Ass é definido por toda sua fragilidade, Hit Girl é por sua dureza, enquanto seus corpos poderiam representar o contrário. Sempre que Kick Ass entra numa briga temos certeza de ele irá se dar mal, enquanto que com Hit Girl temos sempre a sensação contrária. Toda a fragilidade que seu corpo de 11 anos pode representar é apenas superfície para seu personagem que é uma máquina de matar construída pelo pai em busca de sua vingança, quase um Rambo. É impressionante a cena em que ela, sozinha, mata todos os capangas em um corredor, como se aquilo não representasse esforço algum para ela, assim como a dos óculos noturnos em que ela elimina um a um seus adversários como em um videogame sem nenhuma dó por suas vidas.
Destaco também o retorno de Christopher Mintz-Plasse, o McLovin, fazendo o engraçadíssimo e exagerado Red Mist e Nicolas Cage com seu pseudo-Batman armagurado. Muito boa a cena de seu flash-back em quadrinhos. Um dos filmes mais corajosos a que já assisti. O anti-Cavaleiro das Trevas.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Aff, nem me chamou para ver.

domingo, 20 março, 2011  

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