27 dezembro, 2010

Top Cahiers 2010

Caso interesse a alguém (tenho certeza que alguém se interessa por isso além de mim), reproduzo abaixo o top de melhores do ano da famosa revista francesa Cahiers du Cinéma, que foi muito importante nos anos 50 para o estabelecimento da Política dos Autores e hoje anda meio decadente, mas não deixa de ser relevante.


1. Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (Apichatpong Weerasethakul)
2. Vício Frenético (Werner Herzog)
3. Filme Socialismo (Jean-Luc Godard)
4. Toy Story 3 (Lee Unkrich)
5. O Fantástico Sr. Raposo (Wes Anderson)
6. Um Homem Sério (Ethan & Joel Coen)
7. Morrer Como Um Homem (João Pedro Rodrigues)
8. A Rede Social (David Fincher)
9. Shuga (Darezhan Omirbayev)
10. Mother - A Busca Pela Verdade (Bong Joon-Ho)
11. O Escritor Fantasma (Roman Polanski)
12. Todos Os Outros (Maren Ade)
13. Homens E Deuses (Xavier Beauvois)
14. La Vie Au Ranch (Sophie Letourneur)
15. As Quatro Voltas (Michelangelo Frammartino)
16. Avatar (James Cameron)
17. Traga-Me Alecrim (Ben & Joshua Safdie)
18. Mistérios De Lisboa (Raoul Ruiz)

Blake Edwards (1922 - 2010)


Inaugurando um novo tempo por essas bandas, vou dar início agora a diversificação dos temas abordados no blog desse ser estranho metade pato metade peixe. E um dos temas que será mais abordado nesses novos tempos, pelo menos nos meus posts, será a famosa sétima arte, tema pelo qual tenho bastante apreço.
Esse ano de 2010 foi caracterizado por teríveis mortes nesse mundinho fútil das celebridades cinematográficas. Perdas irreparáveis que vão deixar esse mundinho de celulóide um pouco mais triste. Entre as principais que eu me lembro estão: Leslie Nielsen, Arthur Penn, Irvin Kershner, Tony Curtis, Mario Monicelli, Jean Rollin, Claude Chabrol, Eric Rohmer, Dennis Hopper e Arnaud Rodrigues. Todos esses, um a um, tiverem grande contribuição para a cultura do entretenimento através de suas obras e, em algum momento, provavelmente, me tiraram desse mundinho chato da realidade, me transportando para alguma realidade fictícia mais aprazível ou não. Nesses dois últimos meses então, foram mortes a rodo.
Desse modo, resolvi fazer uma homenagem em razão da morte que considero mais significativa (por ocasião de ser mais recente também), a de Blake Edwards. Qualquer cinéfilo, principalmente os mais blasés (ai ai... os franceses), que leia esse blog vai me xingar, e muito, por colocá-la em detrimento dos franceses e dos "easy riders". Eu sei que é inegável que Chabrol e Rohmer eram cineastas mais cultos e relevantes a evolução da arte cinematográfica como um todo. Além do mais, filmaram até seus últimos anos de vida. E Hopper e Penn contribuíram muito para a mudança de paradigma do cinema americano dos anos 60. Nunca que Edwards atingiria um lugar no panteão que eles atingiram, talvez nem ele mesmo quisesse. Porém, se eles me fizeram refletir, Edwards me fez sorrir.
A contribuição de Blake Edwards ao Cinema é gigantesca. Poucos cineastas possuem uma obra tão extensa, eclética e relevante como ele. Se nem sempre ele teve reconhecimento de crítica e indicações aos grandes prêmios cinematográficos (o Oscar então ignorou ele a vida inteira, à exceção do Bonequinha de Luxo, talvez por seus filmes não possuírem grande intensidade dramática), Edwards estava mais preocupado em se divertir fazendo cinema do que propor alguma mudança de estrutura, pois, afinal, qual é mesmo a utilidade do cinema senão a diversão e a possibilidade de mergulhar em mundos de fantasia.
Eu estou longe, muito longe, de ter visto todos os filmes de Edwards, mas os poucos que vi, incluindo aí muitos trechos, me fizeram ver o mundo de uma maneira bem divertida e, principalmente, muito irônica. Destaco aqui toda a cine-série da Pantera Cor-de-Rosa (1963 - 1993), em que Edwards dirigiu todos os filmes, excetuando o tenebroso remake com Steve Martin e sua sequência, Bonequinha de Luxo (1961), Um Convidado Bem Trabalhão (1968) e todas as suas comédias totalmente tresloucadas dos anos 80, na verdade todas as suas comédias são totalmente despirocadas, mesmo as feitas antes dos anos 80, mas as dos anos 80 são fantásticas.
Na verdade, Blake Edwards vai ser sempre lembrado por mim como o cara que pegou, até o fim da vida, a eterna Noviça Rebelde, Julie Andrews, e ainda a fez mostrar os peitos em S.O.B. (1981).
Esse cara era bom!!!
R.I.P.
Porque os ornitorrincos também são cinéfilos, saca?! ¬¬